A reconstrução a Y de Roux é uma técnica cirúrgica utilizada para reconstruir o trânsito intestinal após a realização de uma gastrectomia, ou seja, a remoção parcial ou total do estômago. Essa técnica foi desenvolvida na década de 1970 e, desde então, vem ganhando popularidade devido às suas vantagens em relação às técnicas mais antigas, como a Billroth I e Billroth II.
A reconstrução a Y de Roux envolve a criação de uma alça de intestino delgado que é conectada ao restante do trato gastrointestinal através de uma “Y” invertida.
Uma das principais vantagens da reconstrução a Y de Roux é a redução do refluxo biliar. O contato crônico da bile com a mucosa gástrica leva a inflamação crônica que pode acarretar dispepsia e complicações a longo prazo como aumento do risco de câncer do remanescente gástrico. Com a reconstrução a Y de Roux, a bile é redirecionada diretamente para o intestino delgado, evitando o refluxo.
Uma desvantagem técnica seria a necessidade de duas anastomoses (gastrojejunal e enteroentero) ao contrario das reconstruções a Billroth I e Billroth II que só apresentam uma anastomose.
A reconstrução a Y de Roux também apresenta maior incidência de dumping.
Outra desvantagem seria “Roux syndrome” ou “Roux stasis syndrome”. Essa reconstrução pode levar a atonia gástrica que em conjunto com a transecção do jejuno pode contribuir para um quadro de dor abdominal e vômito.
O comprimento ideal da alça alimentar é discutível. Uma alça muito curta, aumenta o risco de gastrite de refluxo biliar (alcalino), e uma muito longa pode aumentar o risco da síndrome de estase de Roux. Em estudos observacionais, o comprimento apropriado para minimizar o refluxo e reduzir o risco de síndrome de estase de Roux parece ser de aproximadamente 40 cm. Em um desses estudos, alça de Roux foi significativamente mais longa em pacientes com sintomas consistentes com estase de Roux em comparação com aqueles sem estase (41 versus 36 cm). A estase de Roux foi mais comum em mulheres do que em homens, mas igualmente comum em pacientes com e sem vagotomia.
Referência
- Gustavsson S, Ilstrup DM, Morrison P, Kelly KA. Roux-Y stasis syndrome after gastrectomy. Am J Surg. 1988 Mar;155(3):490-4.
- Hebbard P. Partial gastrectomy and gastrointestinal reconstruction. Uptodate 2023.