O EndoflipTM é uma técnica inovadora que utiliza a tecnologia de planimetria por impedância para avaliar a distensibilidade de órgãos gastrointestinais.
Apesar de desenvolvido em 2009, o seu uso ainda é restrito a ambientes de pesquisa devido ao custo elevado e à necessidade de maiores evidências para melhor padronização do método.
Consiste de um cateter que apresenta em sua extremidade distal um balão distensível de 8 ou 16 cm (Figuras 1 e 2). Neste balão, estão localizados 16 pares de sensores de planimetria por impedância, que são capazes de medir a área de secção transversal de um plano do órgão (planimetria) utilizando a resistência elétrica (impedância) do fluido existente no balão.
Na extremidade distal do cateter, está localizado ainda um transdutor de pressão, que é responsável por aferir a pressão dentro do balão. Desta forma, dividindo-se a área transversal pela pressão, podemos determinar o Índice de Distensibilidade em reposta à distensão controlada por volume.
A grande parte dos estudos com o EndoflipTM foi realizada para avaliação esofágica. Para tal, o cateter é introduzido com o paciente sedado, geralmente após a endoscopia digestiva alta.
Com a introdução do EndoflipTM 2.0 em 2017, foi associado ainda um sistema de topografia, que permite avaliar a motilidade esofágica (se ausência de ondas, se contrações anormais retrógradas ou contrações normais anterógradas) – Figura 3.
As potenciais aplicações do método são:
1. Avaliação de disfagia e acalásia
- Destaque naqueles pacientes com clínica suspeita de acalásia, mas dúvida diagnóstico devido relaxamento normal da junção esofagogástrica (JEG) em exame de manometria;
- Utilidade em pacientes que não conseguem realizar a manometria por não tolerarem o desconforto da sonda (o EndoflipTM é realizado sedado);
- Índice de distensibilidadeda JEG > 3 mm2/mmHg e contrações anterógradas sugerem normalidade (Figura 3);
- Índice de distensibilidade£ 1.6 mm2/mmHg da JEG, bem como ausência de contrações (figura 4) ou contrações repetitivas retrógradas (figura 5) sugerem acalásia.
- Nos casos de diagnóstico manométrico de obstrução ao fluxo da JEG, o Índice de Distensibilidade da JEG < 2 mm2/mmHg é associado a melhor resposta sintomática a terapias similares à da acalásia, enquanto valores > 3 mm2/mmHg são favoráveis ao seguimento conservador.
2. Uso intra-operatório para guiar ajustes em miotomias e fundoplicaturas
- Em miotomias, valores de Índice de Distensibilidade da JEG entre 4.5 e 8.5 mm2/mmHg sugerem melhores resultados (Figura 6);
- Em fundoplicaturas, valores de Índice de Distensibilidade da JEG entre 2 e 3.5 mm2/mmHg foram associadas com menor índice de disfagia e de refluxo após procedimento.
3. Avaliação na esofagite eosinofílica
- Identificar a distensibilidade esofágica, de modo a identificar estreitamentos fibroestenóticos que nem sempre são bem avaliados pela endoscopia.
- Potencial benefício em pacientes que persistem com disfagia a despeito da remissão histológica, podendo guiar possíveis dilatações.
4. Outros potenciais usos
- Avaliar distensibilidade do piloro em pacientes com suspeita de gastroparesia
- Avaliar canal anal em pacientes com incontinência.
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Como citar este artigo
Lages RB., Endoluminal Functional Lumen Imaging Probe (EndoflipTM): conhecendo a tecnologia e seus potenciais usos. Gastropedia, 2022. Disponível em: https://gastropedia.pub/pt/gastroenterologia/esofago/endoluminal-functional-lumen-imaging-probe-endofliptm-conhecendo-tecnologia-e-seus-potenciais-usos/
Referências Bibliográficas
- Dorsey YC, Posner S, Patel A. Esophageal Functional Lumen Imaging Probe (FLIP): How Can FLIP Enhance Your Clinical Practice? Dig Dis Sci 2020. Online ahead of print. doi:10.1007/s10620-020-06443-8.
- Hirano I, Pandolfino JE, Boeckxstaens GE. Functional Lumen Imaging Probe for the Management of Esophageal Disorders: Expert Review From the Clinical Practice Updates Committee of the AGA Institute. Clin Gastroenterol Hepatol 2017;15:325–34. doi:10.1016/j.cgh.2016.10.022.
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- Su B, Dunst C, Gould J, Jobe B, Severson P, Newhams K, et al. Experience-based expert consensus on the intra-operative usage of the endoflip impedance planimetry system. Surg Endosc 2020. doi:10.1007/s00464-020-07704-3.
Médico do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas de São Paulo
Residência de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva pelo Hospital das Clínicas-FMUSP