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Qual o tratamento atual da colite por Clostridioide difficile em adultos?

por Alexandre Carlos
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A infecção pelo Clostridioide difficile (antigo Clostridium difficile) é uma importante causa de diarreia associada ao uso de antibióticos. Praticamente qualquer antibiótico pode provocar esse distúrbio, mas a clindamicina, as penicilinas (como a ampicilina e a amoxicilina), as cefalosporinas (como a ceftriaxona) e as fluoroquinolonas (como o levofloxacino e ciprofloxacino) estão mais frequentemente envolvidas. 

O tratamento da colite pelo Clostridioide difficile ainda é um desafio na prática clínica. A primeira conduta a se adotar é a interrupção do antibiótico causador da colite.

Inicialmente alguns conceitos precisam estar bem definidos, tais como:

  • Colite grave: quando leucócitos > 15000, creatinina > 1,5 ou temperatura > 38,5°.
  • Colite fulminante: presença de hipotensão ou choque, íleo paralítico ou megacólon tóxico.

As recomendações atuais são:



Primeiro episódio não grave
– Vancomicina VO 125mg 6/6h 10 dias ou
– Fidaxomicina 200mg VO 12/12h 10 dias 
– Na indisponibilidade: Metronidazol 500mg VO 8/8h 10-14 dias




Primeira recorrência não grave
– Vancomicina desmame lento (125mg 6/6h 10-14 dias, 12/12h por 7 dias, 1 x dia por 7 dias e a cada 2-3 dias por 2-8 semanas) ou
– Fidaxomicina 200mg VO 12/12h 10 dias (caso tenha usado vanco) ou
– Vancomicina dose convencional + bezlotoxumabe (10mg/kg IV dose única se: segundo episódio de colite ocorre dentro de 6 meses do episódio inicial e >65 anos e/ou imunodeprimidos)

Segunda recorrência não grave

– Transplante de microbiota fecal ou 
– Fidaxomicina pulsado (200mg 12/2h 5 dias e depois 200mg em dias alternados por 20 dias) ou 
– Vancomicina desmame lento ou 
– Fidaxomicina dose convencional ou vancomicina dose convencional + beztoloxumabe 

Primeiro episódio grave
– Fidaxomicina ou vancomicina 
– Considerar associar beztoloxumabe se paciente de alto risco (segundo episódio de colite ocorre dentro de 6 meses do episódio inicial, >65 anos e/ou imunossuprimidos)


Colite fulminante
– Vancomicina 500mg VO 6/6h + Metronidazol 500mg 8/8h EV podendo associar com Vancomicina retal (500mg em 100ml de solução salina retal por 6 horas) se presença de íleo paralítico
– Considerar a tigeciclina (100mg IV ataque e 50mg 12/12h)

O que temos observado recentemente é a incorporação da fidaxomicina como primeira linha em casos leves ou graves e o papel do beztoloxumabe (anticorpo monoclonal) na prevenção de recorrência.

O transplante de microbiota fecal desempenha uma importante estratégia na segunda recorrência, mas em casos complicados ainda há dúvidas.

Atualmente ainda não dispomos da fidaxomicina nem do beztoloxumabe no Brasil.

Referência bibliográfica

  1. J Antimicrob Chemother. 2022, Dec 23;78(1):21-30
  2. Clin Microbiol Infect. 2021 Dec;27 Suppl 2:S1-S21

Como citar este artigo

Carlos A. Qual o tratamento atual da colite por Clostridioide difficile em adultos? Gastropedia vol. 1, 2023. Disponível em: https://gastropedia.pub/pt/sem-categoria/strongqual-o-tratamento-atual-da-colite-por-emclostridioide-difficile-em-em-adultos/

Alexandre Carlos

Médico Coordenador do Centro de Diagnóstico em Gastroenterologia do Hospital das Clínicas de São Paulo
Membro titular da FBG e SOBED
Membro titular do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB).


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1 comment

Gerson Brasil
Gerson Brasil 24 de março de 2023 - 08:48

Alexandre, parabéns pelo objetivo e completo resumo!

A apresentação oral da Vancomicina no Brasil não é fácil de ser encontrada em boa parte dos hospitais, razão pela qual a prática de transformar a apresentação de Amp/FA em solução oral se transformou em algo corriqueiro.
O que você acha desta conduta? Existe algum respaldo à luz da medicina baseada em evidência para tal? Há estabilidade e maneira de garantir a biodisponibilidade da droga na posologia correta agindo desta forma?

Abraço,

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