Acalásia: causas, sintomas e opções de tratamento

Acalásia é uma situação de saúde que pode afetar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos; por isso, é de fundamental importância ter conhecimento sobre o assunto e saber como lidar com o problema.

Descubra as causas, sintomas e opções de tratamento para a acalásia, um distúrbio do esôfago que causa dificuldade na deglutição. Leia mais aqui! 

O que é acalásia?

A acalásia é uma doença rara do sistema digestivo que afeta a capacidade do esôfago de realizar movimentos peristálticos adequados e relaxar corretamente o esfíncter esofágico inferior (EEI) durante a deglutição. 

Essa condição leva a uma série de problemas no processo de passagem dos alimentos e líquidos do esôfago para o estômago, resultando em sintomas como dificuldade para engolir (disfagia), regurgitação, dor torácica,  azia e perda de peso.

O esôfago é um órgão muscular que transporta o alimento da garganta até o estômago por meio de contrações musculares coordenadas, chamadas peristaltismo. 

No entanto, na acalásia, ocorre uma deterioração das células nervosas que controlam essas contrações, resultando em uma incapacidade do esôfago de empurrar o alimento adequadamente.

O EEI, localizado na extremidade inferior do esôfago, também não relaxa de maneira adequada durante a deglutição, impedindo dessa forma a passagem adequada do alimento para o estômago, que fica acumulado no esôfago, levando a dilatação (aumento) do órgão.

Essa doença é crônica e pode ser progressiva ao longo do tempo. 

Devido a isso, o diagnóstico e tratamento adequados são essenciais para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com a situação.

Causas da acalásia

A acalásia é dividida em primária e secundária. A primária, ou idiopática é aquela em que não se consegue identificar a sua causa. Já na secundária, a acalásia tem uma causa definida, como doenças do colágeno (doenças reumáticas) e no Brasil, principalmente, a doença de Chagas. 

Hoje vamos falar da acalásia primária.

Embora as causas exatas da doença não sejam totalmente compreendidas, os pesquisadores têm feito progressos significativos para identificar os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição.

Uma das principais teorias sobre as causas da acalásia envolve problemas no sistema nervoso. 

Acredita-se que uma desordem autoimune possa estar associada à degeneração dos nervos que controlam os movimentos peristálticos do esôfago e a abertura e fechamento do esfíncter esofágico inferior.

Além disso, estudos sugerem uma possível predisposição genética, o que significa que a doença pode ser herdada de um membro da família afetado.

Outra hipótese é que infecções virais ou bacterianas, como o vírus herpes simplex, possam desencadear uma resposta autoimune que resulte na deterioração dos nervos envolvidos na função esofágica.

Por outro lado, alguns pesquisadores também sugerem que certos fatores ambientais, como exposição a substâncias tóxicas ou poluentes, podem desempenhar um papel na manifestação da doença.

Embora o conhecimento sobre as causas da acalásia tenha avançado, ainda há muito a ser descoberto.

A pesquisa contínua nessa área tem sido fundamental para aprimorar os tratamentos existentes e ajudar a prevenir o desenvolvimento dessa condição debilitante.

Sintomas da acalásia

A acalásia pode causar diversos sintomas desconfortáveis sendo os principais:

Disfagia

A dificuldade em engolir é um dos sintomas mais comuns da doença.

Pacientes podem sentir que os alimentos ou líquidos ficam presos no meio do peito, além da sensação de dificuldade em conduzi-los até o estômago.  

Isso pode levar a engasgos frequentes e uma sensação persistente de obstrução na garganta.

Regurgitação

A regurgitação é uma das características mais comuns de quem lida com a condição, e ocorre quando o conteúdo do esôfago, que está acumulado, retrocede até a boca, gerando um sabor amargo ou ácido. 

Esse refluxo pode ser inconveniente e desagradável, podendo ocorrer especialmente após as refeições.

Dor torácica

Muitos pacientes relatam dor no peito, que pode ser leve ou intensa, e costuma ser sentida logo após as refeições ou durante a ingestão de líquidos.

Perda de peso

Como a dificuldade de engolir pode levar a uma ingestão alimentar reduzida, alguns pacientes experimentam perda de peso significativa e necessitam de atenção nutricional para gerir a situação da perda exagerada.

Sensação de saciedade constante

A sensação de que o alimento fica preso no esôfago pode levar a uma sensação de plenitude constante, mesmo após pequenas refeições, o que pode acarretar a perda de peso do paciente, que deixa de se alimentar adequadamente por causa desse sintoma.

Tosse e pneumonias frequentes

A regurgitação do conteúdo do esôfago pode levar à aspiração de alimentos ou líquidos para os pulmões, resultando em tosse crônica ou pneumonias recorrentes.

Embora não seja um sintoma frequente ou que aparece com exatidão em todos os casos, deve ser levado em consideração já que sua ocorrência não é descartada.

É importante destacar que a acalásia é uma condição que requer atenção médica adequada. 

Os sintomas podem piorar ao longo do tempo, causando impactos significativos na qualidade de vida do paciente. 

Portanto, se alguém apresentar esses sintomas persistentemente, é fundamental buscar orientação de um profissional de saúde para um diagnóstico adequado e tratamento apropriado.

Opções de tratamento para a acalásia

O tratamento da acalásia visa aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

Existem diversas opções terapêuticas disponíveis, cada uma com suas vantagens e limitações, e a escolha do tratamento mais adequado dependerá do perfil e condições individuais do paciente.

Uma das opções é a dilatação esofágica, um procedimento minimamente invasivo realizado através de endoscopia. 

Nesse método, um balão é inflado no esôfago para esticar e alargar a região estreitada, permitindo melhor fluxo de alimentos. 

Outra alternativa é a injeção de toxina botulínica no esfíncter esofágico inferior, que temporariamente relaxa o músculo, facilitando a deglutição.

A miotomia cirúrgica laparoscópica é uma opção mais definitiva, na qual o esfíncter é cortado ou parcialmente removido, melhorando o esvaziamento do esôfago. 

Essa intervenção apresenta bons resultados a longo prazo, mas também envolve riscos cirúrgicos.

Recentemente, surgiu uma abordagem endoscópica inovadora chamada de POEM (Myotomy Endoscópico da Camada Submucosa), em que um túnel é criado na parede esofágica para alcançar o esfíncter e realizar a miotomia, com menor impacto no paciente e recuperação mais rápida.

Em casos de risco cirúrgico elevado, a terapia farmacológica pode ser considerada para reduzir os sintomas e melhorar a passagem de alimentos. 

O uso de bloqueadores de canal de cálcio e nitratos pode ajudar a relaxar o esfíncter esofágico inferior.

Cabe ressaltar que a escolha do tratamento será determinada pela gravidade da doença, condição de saúde geral do paciente e preferências individuais, por isso, é fundamental que o médico avalie cada caso de forma personalizada para garantir o melhor resultado possível. 

É importante, também, que o paciente siga o acompanhamento médico adequado para monitorar a progressão da doença e ajustar a abordagem terapêutica conforme necessário.

Como lidar com a dificuldade na deglutição causada pela acalásia?

Lidar com a dificuldade na deglutição causada pela acalásia pode ser desafiador, mas existem algumas estratégias que podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. 

É importante ressaltar que essas não substituem a orientação e acompanhamento médico adequado. Sempre consulte um profissional de saúde para obter um diagnóstico correto e um plano de tratamento personalizado. 

Aqui estão algumas dicas que podem ser úteis:

Mudanças na alimentação

Comer pequenas porções de alimentos e mastigá-los bem pode ajudar a facilitar a deglutição.

Opte por alimentos macios e fáceis de engolir, evitando aqueles que possam causar obstrução, como alimentos secos ou muito fibrosos.

Beba líquidos

Beber líquidos durante as refeições pode ajudar a empurrar os alimentos para baixo e reduzir a sensação de bloqueio no esôfago.

Postura adequada

Mantenha-se em uma posição vertical durante e após as refeições, pois isso pode facilitar a passagem do alimento pelo esôfago.

Evite comer antes de dormir

Tente fazer suas refeições com um intervalo adequado antes de ir para a cama para evitar que o alimento fique preso no esôfago durante o sono.

Elevação da cabeceira da cama

Se a acalásia causa sintomas noturnos, elevar a cabeceira da cama pode ajudar a reduzir o refluxo ácido e aliviar a sensação de obstrução.

Lembre-se sempre de seguir as recomendações do seu médico e informá-lo sobre quaisquer mudanças nos sintomas ou novos problemas que possam surgir. 

Em suma, embora a acalásia possa ser um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde, a esperança reside nas abordagens terapêuticas atuais e futuras, bem como na conscientização sobre a doença e seu diagnóstico precoce. 

Com esforços contínuos na pesquisa médica e cuidados adequados como estes que você encontrou aqui, podemos proporcionar uma melhor qualidade de vida e um futuro mais tranquilo para aqueles que enfrentam os desafios da doença.

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Acalásia: os principais exames e tratamentos

A acalásia é uma doença que pode atingir pessoas de todas as idades, porém, tende a se manifestar mais entre os 20 e 40 anos, além de progredir gradualmente com o passar do tempo.



Acompanhe as principais informações sobre essa condição, como causas, sintomas, exames para diagnóstico e tratamentos. Veja também como ter acesso a materiais sobre saúde e bem-estar pela internet.

O que é acalásia?

A acalásia ocorre no esôfago em decorrência da falta de movimentos peristálticos – responsáveis por encaminhar os alimentos pelo estreitamento do esfíncter do esôfago até o estômago. Na acalásia, acontece também a dificuldade de relaxamento por parte desse esfíncter.

A doença causa bastante dificuldade para engolir e emagrecimento (decorrente da ingestão insuficiente de nutrientes).

Quais são as principais causas e sintomas?

Ainda não se sabe a causa exata da acalásia. No caso, os cientistas acreditam que ela pode ser causada pelo próprio sistema imunológico, que acaba destruindo os nervos da parede do esôfago. No Brasil, uma causa comum de acalásia é a Doença de Chagas, que pode levar ao megaesôfago. Essa condição pode ocorrer com o passar dos anos, em que o esôfago começa a ficar dilatado pela dificuldade de passagem do alimento pelo esfíncter. 

Como consequência, tanto os movimentos responsáveis pelo transporte de alimentos quanto o relaxamento do músculo esfíncter esofágico não ocorrem de maneira adequada. Com isso, tanto alimentos sólidos quanto líquidos são impedidos de chegar ao estômago.

Sintomas

Os principais sintomas da acalásia são:

  • Dificuldade para engolir (disfagia);
  • Dores e desconforto no peito;
  • Refluxo e regurgitação (principalmente ao se deitar);
  • Perda de peso.

Quais exames são usados para o diagnóstico da acalásia?

Para o diagnóstico da acalásia, são utilizados os seguintes exames:

Endoscopia: possibilita ao médico analisar as mucosas do estômago, do esôfago e da parte inicial do intestino.

Manometria esofágica: ajuda a examinar as funções peristálticas do esôfago e o grau de relaxamento do esfíncter esofágico.

Esofagrama: o exame que avalia a passagem de um alimento pelo tubo esofágico e verifica o grau de dilatação do órgão. É feito através de raio-x, após a ingestão de um alimento com contraste.

Leia mais sobre: Dilatação de esôfago

acalásia

Quais são os possíveis tratamentos?

Existem quatro principais tratamentos que podem ajudar pacientes com acalásia. São eles:

Cuidados com a alimentação

Antes mesmo de ter o diagnóstico confirmado, o paciente com dificuldade para engolir (disfagia) pode adotar alguns hábitos alimentares:

  • Mastigar bastante o alimento;
  • Fazer as refeições de forma tranquila, ingerindo alimentos sólidos e líquidos (para ajudar a comida a descer);
  • Preferir alimentos de fácil digestão;
  • Evitar se deitar logo após as refeições;
  • Tomar medicamentos com bastante água para ajudar os movimentos de peristalse do esôfago.

Tratamento endoscópico

Por meio da endoscopia, é possível:

  • Aplicar injeções de botox no esfíncter esofágico para aliviar os sintomas, sendo uma medida paliativa que pode durar de 6 meses a 1 ano.
  • Realizar a dilatação pneumática, que utiliza um balão dilatador para romper a musculatura do esfíncter esofágico inferior e garantir alívio ao paciente.
  • Em alguns casos, pode-se realizar a miotomia por meio da endoscopia, com a ressecção do músculo do esfíncter esofágico inferior, para diminuir a pressão dele.

Procedimento cirúrgico

Na cirurgia, uma parte do esfíncter esofágico inferior é seccionada para que não obstrua mais a passagem de comida. Em casos mais graves de megaesôfago, é feita a retirada do esôfago.

Importante: após o procedimento cirúrgico, é necessário fazer acompanhamento e uso de medicamentos para evitar o refluxo.

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