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Sangramento retal: Causas, sintomas e tratamentos que você precisa conhecer agora!

por Guilherme Sauniti
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O sangramento anal pode ser um sinal alarmante e uma fonte de preocupação para muitas pessoas. Embora em alguns casos possa ser algo simples e de fácil tratamento, em outros pode indicar condições mais graves que necessitam de atenção médica imediata. 

Neste artigo, vamos explorar as causas, sintomas e tratamentos do sangramento retal para que você possa entender melhor o que está acontecendo com o seu corpo.

O que é sangramento retal?

Esse sangramento refere-se à perda de sangue pelo ânus, proveniente de qualquer parte do trato gastrointestinal, mais comumente da parte inferior.. 

Esse tipo de sangramento pode se manifestar de várias formas, desde pequenas manchas de sangue no papel higiênico após a evacuação até a presença de grandes quantidades de sangue nas fezes ou no vaso sanitário. 

A quantidade e a frequência do sangramento podem variar, e esses fatores são importantes na avaliação da gravidade da condição.

Sangue vermelho vivo geralmente sugere que o sangramento está ocorrendo no cólon ou no reto, as partes mais baixas do trato gastrointestinal. Isso ocorre porque o sangue não teve tempo suficiente para se oxidar, mantendo sua cor vermelha brilhante. 

Por outro lado, sangue de cor mais escura ou até mesmo preta, conhecido como melena, indica que o sangramento pode estar vindo de partes mais altas do trato gastrointestinal, como o estômago ou o intestino delgado. Nesse caso, o sangue teve tempo para ser digerido e oxidado, alterando sua cor.

Além da cor, outros aspectos como a quantidade de sangue e a presença de coágulos e a present ou não de dor a evacuação podem fornecer pistas adicionais sobre a possível causa do sangramento. 

Causas comuns de sangramento retal

Existem várias causas potenciais para este tipo de sangramento, incluindo:

Hemorroidas

Veias dilatadas no reto ou no ânus que podem sangrar durante a evacuação.

Fissuras anais

Pequenos cortes na pele do ânus, muitas vezes causados por evacuações difíceis ou constipação.

Doença diverticular

A presença  de divertículos no cólon pode ser causa de sangramento volumoso. Quando a inflamação do divertículo, pode ocorrer a divericulite, outra causa de sangramento.

Pólipos intestinais

Crescimentos na mucosa do intestino grosso que podem sangrar.

Doenças inflamatórias intestinais (DII)

Como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que podem causar inflamação e ulceração do trato gastrointestinal.

Câncer colorretal

Uma causa mais séria, mas importante de ser considerada, especialmente em pessoas com fatores de risco.

Sintomas associados ao sangramento retal

Além da presença de sangue nas fezes, o sangramento pode ser acompanhado por uma variedade de outros sintomas que podem ajudar a identificar a causa subjacente e a gravidade da condição. Esses sintomas incluem:

Dor ou desconforto anal: Muitas vezes associado a condições como hemorroidas ou fissuras anais, a dor pode variar de leve a intensa, especialmente durante a evacuação.

Coceira ou irritação no ânus: Esse sintoma pode ser causado por hemorroidas, fissuras anais ou infecções e pode levar a desconforto contínuo.

Sensação de evacuação incompleta, dificuldade de evacuar ou fezes finas: Uma sensação persistente de que você ainda precisa evacuar mesmo após ter ido ao banheiro pode indicar problemas no reto ou no cólon, como inflamações ou tumores.

Mudança nos hábitos intestinais: Alterações como diarreia ou constipação podem acompanhar o sangramento, sugerindo condições como doenças inflamatórias intestinais ou síndromes do intestino irritável.

Perda de peso inexplicável: Uma perda de peso não intencional pode ser um sinal de doenças mais graves, como câncer colorretal, e deve ser investigada imediatamente.

Fadiga e fraqueza: Se o sangramento for significativo e persistente, pode levar à anemia, resultando em cansaço extremo e fraqueza. A perda contínua de sangue reduz a quantidade de oxigênio que o corpo pode transportar, afetando a energia e a vitalidade.

Diagnóstico e exames para identificar a causa do sangramento retal

O processo começa geralmente com um exame físico, onde o médico realiza um exame retal com inspeção e toque digital,  para verificar a presença de hemorroidas, fissuras anais ou outras anomalias palpáveis no reto. 

Este exame inicial é crucial para identificar problemas visíveis ou palpáveis que possam estar causando o sangramento.

Em seguida, o médico pode utilizar procedimentos endoscópicos como a anoscopia, sigmoidoscopia ou colonoscopia.

A anoscopia permite visualizar o interior do reto e do canal anal, enquanto a sigmoidoscopia proporciona uma visão mais aprofundada, alcançando a parte inferior do cólon. 

Esses procedimentos ajudam a identificar possíveis fontes de sangramento, como inflamações, úlceras, ou pólipos.

Para uma avaliação mais abrangente, uma colonoscopia pode ser realizada. 

Este exame permite a visualização completa do cólon e é particularmente útil para detectar pólipos, câncer, e outras anomalias que podem não ser visíveis com procedimentos mais limitados.

Além dos exames visuais e físicos, exames de sangue são frequentemente realizados para verificar sinais de anemia, que pode resultar em uma perda significativa de sangue. 

Testes de fezes são igualmente importantes no diagnóstico do sangramento. 

Eles podem detectar a presença de sangue oculto nas fezes, que não é visível a olho nu, e identificar infecções intestinais ou a presença de parasitas que possam estar causando ou exacerbando o sangramento.

Tratamentos para o sangramento retal

O tratamento para o sangramento retal depende da causa subjacente identificada durante o diagnóstico. 

Hemorroidas podem ser tratadas com cremes tópicos, banhos de assento com água morna e, em casos graves, procedimentos cirúrgicos para removê-las. 

Fissuras anais respondem geralmente a cremes anestésicos e amaciantes de fezes, mas podem requerer cirurgia se não cicatrizarem adequadamente.

A doença diverticular, caracterizada por inflamação ou infecção dos divertículos no cólon, pode necessitar de antibióticos e até mesmo cirurgia.

Em casos mais graves, pode ser necessária a remoção cirúrgica da parte afetada do intestino. Pólipos intestinais são geralmente removidos durante uma colonoscopia, permitindo análise histológica para descartar malignidade.

Doenças inflamatórias intestinais são tratadas com medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores. 

O câncer colorretal frequentemente requer uma abordagem combinada de cirurgia, quimioterapia e radioterapia, dependendo do estágio do câncer e das condições do paciente.

Esses tratamentos são adaptados às causas específicas do sangramento para aliviar os sintomas, tratar a condição subjacente e prevenir complicações futuras.

Prevenção do sangramento retal

Algumas medidas podem ajudar a prevenir o sangramento retal:

Dieta rica em fibras;

Hidratação adequada;

Exercício regular;

Evitar esforço durante evacuações.

Sangramento retal em crianças: o que é importante saber?

Em crianças, o sangramento pode ser causado por fissuras anais, constipação ou infecções gastrointestinais. 

Embora muitas vezes seja benigno, é importante procurar um pediatra para uma avaliação adequada. 

A hidratação, uma dieta equilibrada e, em alguns casos, laxantes leves podem ser recomendados.

Quando procurar ajuda médica para o sangramento retal?

Você deve procurar ajuda médica se o sangramento for intenso ou persistente, dor intensa, febre ou outros sintomas preocupantes, se o sangramento for acompanhado por mudanças nos hábitos intestinais ou se tiver fatores de risco para câncer colorretal, como histórico familiar da doença.

O sangramento retal pode sinalizar tanto condições benignas quanto doenças graves. Reconhecer os sintomas e buscar diagnóstico é essencial para determinar a causa e iniciar o tratamento adequado. Com intervenções médicas apropriadas, muitas dessas condições podem ser tratadas eficazmente.

A prevenção é fundamental para a saúde gastrointestinal. Uma dieta rica em fibras, hidratação adequada, exercícios regulares e evitar esforço durante evacuações ajudam a prevenir o sangramento. Se você notar qualquer sinal, procure orientação médica imediata para avaliação e tratamento.

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Doutor em Gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP), Endoscopia Digestiva (SOBED) e Gastroenterologia (FBG).
Professor do curso de Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA.
Médico da clínica Gastrosaúde de Marília.


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