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Prolapso retal: causas, sintomas e tratamentos para esse problema comum

por Guilherme Sauniti
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O prolapso retal é um problema comum que pode causar desconforto e constrangimento. Neste artigo, exploraremos as causas, sintomas e tratamentos para essa condição, buscando fornecer informações claras e precisas.

Embora muitas vezes seja ignorada ou mal compreendida, esse problema afeta uma parte significativa da população, especialmente os idosos. 

O que é o prolapso retal?

Ele ocorre quando o reto, que é a parte final do intestino grosso, se desloca de sua posição normal e se projeta para fora do ânus. Essa condição pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo da gravidade e da extensão do deslocamento:

– Prolapso parcial: Neste tipo, apenas uma parte do reto se projeta para fora do ânus. Muitas vezes, isso acontece durante a evacuação e pode retornar à sua posição normal sem intervenção.

– Prolapso completo: Também conhecido como prolapso total, neste caso, o reto se projeta completamente para fora do ânus, permanecendo nessa posição. Esse tipo geralmente requer tratamento médico.

A condição pode variar de leve a grave, e os sintomas podem impactar significativamente a vida diária de quem sofre.

Causas do prolapso retal

Várias causas podem contribuir para o desenvolvimento do prolapso, sendo algumas das mais comuns relacionadas ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico. Esses músculos sustentam os órgãos na região pélvica, incluindo o reto, e com o passar do tempo, podem enfraquecer devido a diferentes fatores. 

O envelhecimento natural, por exemplo, causa perda de elasticidade e força muscular. Além disso, a gravidez pode esticar e enfraquecer esses músculos, especialmente após múltiplos partos. 

Outro fator relevante é a constipação crônica, pois o esforço constante durante as evacuações pode aumentar a pressão sobre os músculos pélvicos, levando ao seu enfraquecimento.

Outro grupo de causas está relacionado a doenças neurológicas. Condições como esclerose múltipla e doença de Parkinson podem afetar os nervos que controlam os músculos do reto, contribuindo para o prolapso. 

Lesões e cirurgias anteriores também desempenham um papel importante, uma vez que intervenções cirúrgicas na área abdominal ou pélvica podem danificar os músculos ou nervos responsáveis pelo suporte do reto, aumentando o risco de prolapso.

Fatores genéticos podem influenciar o desenvolvimento da condição. Algumas pessoas podem ter uma predisposição maior a essa condição devido à sua estrutura anatômica. 

Por fim, o aumento da pressão abdominal, que pode ser causado por fatores como obesidade, tosse crônica e levantamento de pesos pesados, também pode contribuir para o surgimento do prolapso retal.

Sintomas do prolapso retal

Os sintomas podem variar de acordo com a gravidade da condição. Alguns dos sinais mais comuns abrangem:

– Protrusão do reto: A presença de um tecido avermelhado ou rosado que se projeta para fora do ânus, especialmente durante a evacuação.

– Desconforto ou dor: Sensação de pressão ou dor na região anal ou retal.

– Sangramento: Sangue nas fezes ou na toalha de papel após a evacuação.

– Incontinência: Dificuldade em controlar a evacuação, resultando em perda involuntária de fezes.

– Sensação de dificuldade para evacuar: Sensação de que não é possível evacuar completamente.

É importante observar que esses sintomas podem se assemelhar a outras condições, como hemorroidas, e um diagnóstico adequado é fundamental.

Diagnóstico do prolapso retal

O diagnóstico do prolapso do reto geralmente envolve uma avaliação clínica completa e meticulosa. 

Inicialmente, o médico realiza uma anamnese, fazendo perguntas detalhadas sobre os sintomas, histórico médico e hábitos intestinais do paciente. 

Informações sobre episódios de constipação, esforço durante a evacuação e cirurgias anteriores são essenciais para entender a condição e identificar possíveis fatores de risco.

Em seguida, um exame físico é realizado, que pode incluir um exame retal digital para avaliar a gravidade do prolapso. 

Durante esse exame, o médico observa a protrusão do reto e verifica a força e o tônus dos músculos do assoalho pélvico, o que pode fornecer informações valiosas sobre a saúde da região. 

Além disso, em alguns casos, exames complementares, como colonoscopia ou ultrassonografia, podem ser solicitados para descartar outras condições que possam estar causando os sintomas, garantindo um diagnóstico mais preciso e um plano de tratamento adequado. 

Essa abordagem abrangente é fundamental para uma avaliação eficaz e para o manejo adequado do prolapso retal.

Complicações do prolapso retal

Se não tratado, o prolapso pode levar a várias complicações sérias. 

A protrusão do reto frequentemente causa irritação e inflamação na região anal, resultando em dor e desconforto constante, o que pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente. 

Além disso, a umidade e o acúmulo de fezes na área aumentam o risco de infecções, que podem se manifestar como dermatites ou infecções mais graves. 

Em casos severos, a falta de suprimento sanguíneo ao tecido prolapso pode levar à necrose, uma condição potencialmente fatal que requer intervenção médica imediata para evitar danos permanentes. 

Outro aspecto preocupante é que o prolapso pode agravar a incontinência fecal, tornando ainda mais difícil para o paciente lidar com a situação, o que pode levar a problemas emocionais e sociais. 

Portanto, é essencial buscar tratamento para evitar essas complicações e melhorar a qualidade de vida.

Tratamentos do prolapso retal

O tratamento do prolapso varia conforme a gravidade da condição e as necessidades do paciente. 

Em casos leves, um tratamento conservador pode ser suficiente, incluindo mudanças na dieta para aumentar a ingestão de fibras, exercícios para o assoalho pélvico, como os de Kegel, e o uso de dispositivos de suporte para manter o reto em posição. 

Medicamentos também podem ser prescritos para aliviar sintomas, como dor e inflamação, e para regular o trânsito intestinal. 

Se o prolapso for severo ou não responder a tratamentos conservadores, a cirurgia pode ser necessária. 

As opções cirúrgicas incluem retopexia, que reposiciona e fixa o reto, cirurgia para correção de retocele e, em casos mais graves, a ressecção retal. 

A escolha do procedimento dependerá da gravidade do prolapso e da saúde geral do paciente.

O prolapso retal é uma condição que, embora muitas vezes não seja discutida abertamente, pode causar desconforto significativo e impactar a qualidade de vida. Reconhecer os sintomas e buscar ajuda médica é fundamental para o diagnóstico e tratamento corretos. 

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando sintomas relacionados ao prolapso retal, é importante consultar um profissional de saúde para uma avaliação completa e orientações apropriadas.

Imagem de freepik

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Doutor em Gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP), Endoscopia Digestiva (SOBED) e Gastroenterologia (FBG).
Professor do curso de Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA.
Médico da clínica Gastrosaúde de Marília.


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