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Saiba tudo sobre a intoxicação alimentar: causas e prevenção.

por Guilherme Sauniti
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Esse é um problema que pode afetar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Desde refeições caseiras até refeições em restaurantes renomados, ninguém está imune a essa condição desagradável. 

Neste artigo, vamos explorar as principais causas da intoxicação alimentar, bem como dicas de prevenção para evitar esse transtorno.

Causas comuns de intoxicação alimentar

As bactérias e vírus são alguns dos principais culpados por desencadear episódios de intoxicação por alimentos.

Entre os mais conhecidos estão a Salmonella, a Escherichia coli (E. coli),  norovírus e o rotavirus.

Esses microrganismos podem contaminar os alimentos em várias etapas, desde o cultivo até o consumo final.

Salmonella

Presente principalmente em alimentos de origem animal, como carne crua, aves, ovos e laticínios não pasteurizados, a Salmonella é uma das principais causas do problema.

Ela pode ser transmitida para os alimentos durante a produção agrícola, processamento ou até mesmo no manuseio inadequado em cozinhas.

E. coli

Certas cepas de Escherichia coli, em particular a E. coli O157:H7, são conhecidas por causar doenças gastrointestinais graves. 

O contato com carne crua contaminada, água não tratada e produtos lácteos não pasteurizados são algumas das principais vias de infecção.

Norovírus e rotavirus

Este vírus altamente contagioso pode se espalhar rapidamente em ambientes onde há manipulação de alimentos. 

Pode ser transmitido através da ingestão de alimentos ou água contaminados, contato direto com superfícies ou objetos infectados e até mesmo pelo ar, quando uma pessoa infectada espirra ou tosse perto dos alimentos.

O manuseio inadequado de alimentos é outra causa a ser citada. A falta de higiene durante o preparo e o consumo de alimentos pode resultar na transferência de germes prejudiciais para os alimentos, aumentando o risco de contaminação. 

Muitas vezes, negligenciamos a importância de lavar as mãos corretamente antes de manipular alimentos. A falta de uma lavagem completa e adequada das mãos pode resultar na transferência de bactérias e vírus para os alimentos, contaminando-os e causando intoxicação.

Já a contaminação cruzada ocorre quando os alimentos crus entram em contato com alimentos prontos para consumo ou superfícies de preparação. 

Por exemplo, cortar legumes em uma tábua, que foi usada para cortar carne crua sem limpar adequadamente, pode transferir bactérias da carne para os vegetais, aumentando o risco de gerar intoxicação.

Armazenar alimentos em temperaturas inadequadas é outra causa importante para ser lembrada.

O armazenamento inadequado pode criar um ambiente propício para o crescimento de bactérias, especialmente em produtos perecíveis como carne, laticínios e ovos.

Deixar alimentos perecíveis fora da geladeira por longos períodos ou armazená-los em temperaturas inadequadas pode permitir que as bactérias se multipliquem rapidamente, aumentando o risco de intoxicação alimentar quando esses alimentos são consumidos. 

É importante manter a geladeira a uma temperatura abaixo de 4 °C e garantir que os alimentos quentes sejam mantidos a uma temperatura acima de 60 °C para evitar o crescimento bacteriano.

Sintomas de intoxicação alimentar 

A intoxicação alimentar pode manifestar uma variedade de sintomas que podem variar em intensidade e duração, dependendo do agente causador, da quantidade ingerida e da saúde geral do indivíduo. 

Alguns dos sintomas incluem:

Náuseas e vômitos

Estes são frequentemente os primeiros sintomas a se manifestarem após a ingestão de alimentos contaminados. 

A sensação de náusea pode ser acompanhada por episódios frequentes de vômito, conforme o corpo tenta se livrar do agente causador da intoxicação.

Diarreia

Geralmente, se desenvolve algumas horas após a ingestão de alimentos contaminados. 

Pode variar em gravidade, indo desde fezes aquosas até diarreia sanguinolenta, dependendo da causa da intoxicação.

Dor abdominal

Muitas pessoas experimentam dor abdominal intensa e cólicas como resultado da intoxicação. 

Pode ser localizada em uma área específica do abdômen ou pode ser difusa.

Febre

A febre é uma resposta natural do corpo a uma infecção e pode acompanhar a intoxicação, especialmente quando a causa é uma bactéria ou vírus. 

Desidratação

A perda de líquidos devido à diarreia e vômitos pode levar à desidratação, especialmente em casos graves de intoxicação por alimentos. 

Os sintomas de desidratação incluem boca seca, diminuição da produção de urina, tonturas, fraqueza e fadiga.

Em casos mais graves, podem ocorrer complicações sérias, como insuficiência renal, que é uma condição potencialmente fatal que requer tratamento médico imediato, ou abranger danos ao sistema nervoso, problemas cardíacos e problemas respiratórios.

Medidas preventivas para a intoxicação alimentar

Prevenir a intoxicação alimentar é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar.

Existem várias medidas que podem ser adotadas para minimizar o risco de contaminação e garantir a segurança dos alimentos, como:

  • Lavar as mãos adequadamente;
  • Higienizar superfícies e utensílios;
  • Separar alimentos crus e cozidos;
  • Cozinhar os alimentos adequadamente;
  • Armazene os alimentos corretamente;
  • Lave frutas e vegetais.

Dicas de segurança alimentar para cozinhar em casa

Cozinhar em casa é uma prática que oferece controle total sobre os ingredientes e métodos de preparação dos alimentos, mas é fundamental garantir a segurança alimentar durante todo o processo. 

Uma das primeiras precauções a serem tomadas é manter as superfícies de trabalho limpas e desinfetadas, especialmente antes e após manipular alimentos. 

Além disso, é importante lavar bem os produtos frescos, como frutas e vegetais, para remover sujeira, resíduos de pesticidas e microrganismos potencialmente prejudiciais.

Ao lidar com alimentos crus, como carne, aves, peixe e ovos, é essencial tomar precauções extras para evitar a contaminação cruzada. 

Fora isso, é necessário descongelar alimentos congelados de forma segura, seja na geladeira, em água fria ou no micro-ondas, evitando descongelá-los em temperatura ambiente para evitar o crescimento bacteriano.

Após o cozimento dos alimentos, é crucial resfriá-los rapidamente para evitar a proliferação de bactérias e, ao armazenar alimentos cozidos na geladeira, certifique-se de que a temperatura esteja ajustada corretamente (abaixo de 4°C) e verifique regularmente com um termômetro.

Seguindo estas dicas de segurança alimentar enquanto cozinha em casa, é possível reduzir significativamente o risco de intoxicação e garantir refeições seguras e saudáveis para você e sua família. 

Quando a procura por atendimento médico é recomendada?

Quando se trata de intoxicação por alimentos, é crucial saber quando procurar atendimento médico. 

Embora muitos casos sejam leves e possam ser tratados em casa, existem situações em que a assistência médica é necessária. 

Se os sintomas forem graves, persistentes ou piorarem com o tempo, é hora de buscar ajuda médica. 

Grupos de risco, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com sistema imunológico enfraquecido, devem procurar ajuda médica se apresentarem quaisquer sintomas de intoxicação.

Além disso, se houver sinais de complicações graves, como convulsões, confusão mental, problemas respiratórios ou neurológicos, é essencial procurar assistência médica imediata. 

Complicações como insuficiência renal, problemas cardíacos ou danos ao sistema nervoso exigem atenção médica urgente.

Confie no seu instinto e não hesite em buscar ajuda médica se estiver preocupado com a gravidade dos sintomas. O tratamento médico oportuno pode prevenir complicações sérias e promover uma recuperação mais rápida e segura. 

Lembre-se sempre: é melhor ser cauteloso e buscar ajuda quando necessário do que arriscar complicações graves.

A intoxicação por alimentos é uma condição desagradável, mas muitas vezes evitável. Ao seguir boas práticas de higiene, armazenamento e preparação de alimentos, você pode reduzir significativamente o risco de intoxicação e desfrutar de refeições seguras e saudáveis em casa e fora dela. 

Não esqueça da importância de lavar as mãos, cozinhar completamente os alimentos e armazenar adequadamente os produtos perecíveis. Sua saúde vale a precaução!

Imagem de Freepik

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Doutor em Gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP), Endoscopia Digestiva (SOBED) e Gastroenterologia (FBG).
Professor do curso de Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA.
Médico da clínica Gastrosaúde de Marília.


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