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H. pylori: Um guia completo sobre esta bactéria e como combatê-la

por Guilherme Sauniti
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Neste guia completo, exploraremos não apenas o que é H. pylori e suas causas, mas também as implicações de não tratar esse problema, os diferentes métodos de tratamento disponíveis e até mesmo os cuidados especiais necessários durante a gravidez.

Descubra estratégias eficazes para tratar a infecção por H. pylori, desde o diagnóstico até o tratamento e prevenção de reinfecções, garantindo assim uma abordagem abrangente para combater a bactéria.

O que é H pylori e quais as suas causas?

A Helicobacter pylori, ou H. pylori, é uma bactéria em forma de espiral que coloniza o revestimento do estômago humano.  Estima-se que no Brasil, cerca de 60% das pessoas são infectadas por essa bactéria.

Essa bactéria desafia o ambiente altamente ácido do estômago, onde pode se alojar e proliferar, causando uma série de distúrbios gastrointestinais. Ela é também reconhecida como a principal causa de condições como úlceras pépticas, gastrite crônica e até mesmo adenocarcinoma gástrico, uma forma de câncer.

As causas da infecção por H. pylori são multifatoriais. 

Embora a via exata de transmissão não seja totalmente compreendida, acredita-se que a infecção ocorra principalmente através do contato oral-fecal, principalmente durante a infância.

Isso significa que a ingestão de água ou alimentos contaminados com as fezes de indivíduos infectados é uma das principais formas de contrair a bactéria. 

Condições socioeconômicas precárias, más práticas de higiene pessoal e falta de acesso à água limpa e alimentos seguros são fatores que aumentam o risco de infecção. 

Além disso, o contato próximo com pessoas infectadas, especialmente em ambientes familiares ou comunitários, também pode contribuir para a disseminação da bactéria.

Essa disseminação pode ocorrer mesmo em países desenvolvidos, porém é mais prevalente em regiões com condições sanitárias deficientes.

O que acontece se não se tratar H pylori?

O não tratamento da infecção pela bactéria pode desencadear uma série de complicações gastrointestinais, algumas das quais podem ser graves e até mesmo potencialmente fatais. 

Uma das consequências mais comuns e significativas do não tratamento da H. pylori é  desenvolver úlceras pépticas. 

Estas são feridas abertas que se formam no revestimento do estômago ou do intestino delgado, resultantes da deterioração da mucosa protetora pelo ácido gástrico. 

Sem tratamento adequado, as úlceras podem se agravar e levar a complicações como perfuração ou sangramento, que requerem intervenção médica urgente.

Além das úlceras pépticas, a infecção persistente pode causar inflamação crônica do revestimento do estômago, conhecida como gastrite crônica. 

Esta condição pode aumentar o risco de desenvolver outras complicações, como gastrite atrófica (uma forma mais grave de inflamação que causa a perda de células gástricas) e metaplasia intestinal (alteração nas células do estômago, aumentando o risco de câncer).

Outra complicação grave associada ao não tratamento da H. pylori é o aumento do risco de desenvolver câncer gástrico.

Estudos mostraram uma forte associação entre infecção crônica por H. pylori e o desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico, o tipo mais comum de câncer de estômago. 

A presença prolongada da bactéria pode causar danos ao DNA das células do estômago, levando a alterações malignas e ao desenvolvimento do câncer.

Portanto, não tratar a infecção pode resultar em consequências sérias para a saúde gastrointestinal e geral do paciente. 

É fundamental buscar tratamento adequado assim que a infecção for diagnosticada, a fim de prevenir complicações graves e potencialmente fatais.

Quais tratamentos para a H pylori?

O tratamento da infecção geralmente envolve uma abordagem combinada de medicamentos, visando tanto a erradicação da bactéria quanto o alívio dos sintomas associados à condição. 

A terapia padrão consiste em uma combinação de antibióticos e medicamentos supressores de ácido gástrico, geralmente administrados durante um período de uma a duas semanas.

Os antibióticos mais comumente prescritos para tratar a infecção incluem a amoxicilina, a claritromicina e o metronidazol. 

Esses antibióticos são frequentemente administrados em combinação, geralmente dois de cada vez, para reduzir a chance de resistência bacteriana e aumentar a eficácia do tratamento. 

É importante seguir rigorosamente as instruções médicas quanto à dosagem e à duração do tratamento para garantir a erradicação completa da bactéria.

Além dos antibióticos, os pacientes com infecção por H. pylori também podem receber medicamentos supressores de ácido, como inibidores da bomba de prótons (IBPs) ou antagonistas dos receptores de histamina H2. 

Esses medicamentos ajudam a reduzir a produção de ácido no estômago, aliviando os sintomas associados à infecção, como dor abdominal, azia e refluxo ácido. Eles também ajudam a criar um ambiente menos favorável para o crescimento da bactéria, contribuindo para o sucesso do tratamento.

Fora a terapia medicamentosa, mudanças no estilo de vida, como evitar alimentos irritantes, reduzir o estresse e parar de fumar, também podem ajudar a melhorar os resultados do tratamento e prevenir reinfecções. 

Em casos de infecção resistente a antibióticos ou recorrente, seu médico pode recomendar terapias alternativas ou tratamentos mais intensivos, como terapia de resgate com diferentes combinações de antibióticos.

Importante dizer, que sempre após o tratamento, novo exame é necessário para confirmar a eliminação da bactéria.

Outro fato importante, é que após a comprovação da eliminação da bactéria, é muito difícil a pessoa se reinfectar.

Cuidados no tratamento H pylori na gravidez

O tratamento dessa infecção bacteriana durante a gravidez requer cuidados especiais para garantir a eficácia do tratamento e a segurança tanto da mãe quanto do bebê em desenvolvimento. 

Embora a infecção possa representar riscos para a saúde materna e fetal, a seleção dos medicamentos e a gestão do tratamento devem ser feitas com cautela, levando em consideração os potenciais efeitos adversos dos medicamentos sobre a gravidez.

Em primeiro lugar, é importante consultar um obstetra ou médico especialista antes de iniciar qualquer tratamento durante a gravidez. O profissional de saúde poderá avaliar os riscos individuais e benefícios do tratamento e recomendar a melhor abordagem terapêutica para a situação específica da paciente.

Durante a gravidez, o uso de certos antibióticos pode ser limitado devido aos potenciais riscos para o feto em desenvolvimento. 

Por exemplo, o metronidazol, um antibiótico comumente usado no tratamento da H. pylori, geralmente não é recomendado durante o primeiro trimestre da gravidez devido a preocupações com o desenvolvimento fetal. 

No entanto, em casos de infecção grave por H. pylori, o médico pode considerar o uso do metronidazol se os benefícios potenciais superarem os riscos.

Fora isso, os inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol e pantoprazol, são geralmente considerados seguros durante a gravidez e podem ser prescritos para reduzir a produção de ácido no estômago e aliviar os sintomas associados à infecção, desde que a indicação tenha sido feita por médicos que acompanha e conhece a gestante.

Em síntese, o tratamento da infecção por H. pylori é essencial para evitar complicações graves e proteger a saúde gastrointestinal. Ao seguir rigorosamente as orientações médicas, incluindo a combinação de antibióticos e medicamentos supressores de ácido, é possível erradicar a bactéria e aliviar os sintomas associados à infecção.

É importante também estar ciente dos potenciais riscos e efeitos colaterais dos medicamentos, especialmente durante a gravidez, buscando sempre a orientação de um profissional de saúde qualificado para garantir a segurança e eficácia do tratamento, promovendo uma melhor qualidade de vida.

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Doutor em Gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP), Endoscopia Digestiva (SOBED) e Gastroenterologia (FBG).
Professor do curso de Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA.
Médico da clínica Gastrosaúde de Marília.


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