A esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, é uma condição de saúde cada vez mais comum e preocupante. Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado, a esteatose hepática pode ser causada por diversos fatores que comprometem seu funcionamento adequado.
É preciso identificar o quadro precocemente, pois a esteatose hepática pode evoluir para quadros mais graves.
Por isso, é fundamental entender essa doença complexa e descobrir como ela pode surgir.
Além disso, o diagnóstico preciso da esteatose hepática, por meio de exames específicos e análise dos resultados clínicos, faz grande diferença no tratamento adequado e rápido para reverter esse quadro.
Mudanças no estilo de vida, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas, desempenham um papel crucial na prevenção e no controle da esteatose hepática.
Descubra o que causa a esteatose hepática, como diagnosticar e tratá-la com este guia completo. Não pare a leitura por aqui!
O que é a gordura no fígado ou esteatose hepática?
A gordura no fígado, também conhecida como esteatose hepática, é uma condição em que ocorre acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado.
Este acúmulo ocorre quando o órgão não consegue processar e metabolizar a gordura de forma adequada.
A esteatose hepática pode ser causada por diversos fatores, e várias condições podem acentuar a deposição de gordura no fígado.
A gordura no fígado é uma condição silenciosa e muitas vezes assintomática, mas pode levar a complicações graves se não for tratada.
O acúmulo dessa gordura no órgão pode causar inflamação e lesões, podendo evoluir para doenças hepáticas mais graves, como, por exemplo, a esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) e cirrose.
Quais são as causas da esteatose hepática?
Alguns fatores metabólicos, doenças ou hábitos e estilo de vida podem contribuir para o desenvolvimento da esteatose hepática. Conheça algumas das causas:
1- Resistência à Insulina:
A resistência à insulina, caracterizada pela incapacidade das células em responder adequadamente aos efeitos da insulina, é um fator-chave na patogênese da esteatose hepática. É mais comum em pacientes com sobrepeso e obesos como veremos abaixo.
A resistência à insulina leva a um aumento dos níveis de glicose no sangue, o que estimula a produção de mais insulina pelo pâncreas, que leva a mais dificuldade da sua função na célula, gerando aumento da glicose no sangue, criando assim um ciclo.
A insulina em excesso promove a síntese de ácidos graxos (gordura) no fígado, levando ao seu acúmulo no fígado.
2- Sobrepeso e Obesidade:
O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco significativos para o desenvolvimento da esteatose hepática.
O excesso de peso está frequentemente associado à resistência à insulina, dislipidemia e inflamação crônica de baixo grau, que contribuem para o acúmulo de gordura no fígado.
A distribuição central de gordura, com acúmulo de gordura ao redor da cintura, conhecida como obesidade visceral, está particularmente relacionada ao risco aumentado de esteatose hepática.
3- Dieta inadequada:
Uma alimentação desequilibrada, caracterizada pelo consumo excessivo de calorias, gorduras saturadas, açúcares e alimentos processados, pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da esteatose hepática.
A dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos refinados contribui para a resistência à insulina, promovendo a síntese e o acúmulo de gordura no fígado.
4- Sedentarismo:
O sedentarismo é um fator de risco para a doença, pois a falta de atividade física pode levar a uma diminuição do gasto energético e ao aumento do armazenamento de gordura no fígado.
5- Consumo excessivo de álcool:
Embora a esteatose hepática não alcoólica seja a forma mais comum de doença hepática gordurosa, o consumo excessivo de álcool também pode levar ao acúmulo de gordura no fígado, resultando em esteatose hepática alcoólica.
O álcool pode causar inflamação no fígado, interferindo na capacidade do órgão de metabolizar gorduras.
6- Hipertensão e Diabetes
Essas duas doenças são muito comuns, e acometem muitos pacientes, principalmente obesos. São fatores de risco que aumentam muito a chance de esteatose hepática. Quando presentes, juntamente com obesidade e dislipidemia (alteração dos níveis de colesterol no sangue), temos uma condição chamada Síndrome Metabólica ou Síndrome X, que aumenta os riscos de esteatose e doenças cardiovasculares como infartos e derrames (acidentes vasculares cerebrais).
Como é feito o diagnóstico da esteatose hepática?
Felizmente, o diagnóstico da esteatose hepática é geralmente simples e não invasivo.
Os médicos costumam começar com uma avaliação clínica completa, levando em consideração os sintomas do paciente, histórico médico e fatores de risco.
Em seguida, são solicitados exames laboratoriais de sangue, como os níveis de enzimas hepáticas, perfil lipídico, glicemia e entre outros, que podem fornecer indícios da presença de gordura no fígado.
Além disso, a ultrassonografia abdominal é uma das principais ferramentas para detectar a esteatose hepática.
Esse exame utiliza ondas sonoras para criar imagens do fígado, permitindo que os médicos identifiquem a acumulação de gordura no órgão.
Portanto, é possível afirmar que o diagnóstico da esteatose hepática é uma combinação inteligente de avaliação clínica, exames laboratoriais e ultrassonografia, permitindo que os médicos identifiquem a presença dessa condição de forma precisa e eficaz para tratá-la o quanto antes.
Quais são os tratamentos para a esteatose hepática?
Essa condição pode ser reversível se tratada adequadamente, e existem várias abordagens que podem ajudar a melhorar a saúde do fígado e reverter o acúmulo de gordura.
Algumas das opções de tratamento disponíveis incluem mudanças no estilo de vida.
Isso inclui seguir uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, enquanto limita o consumo de gorduras saturadas e açúcares adicionados.
Além disso, é recomendado praticar atividade física regularmente, pois o exercício pode ajudar a reduzir a gordura acumulada no fígado.
Para indivíduos com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso gradual é um aspecto crucial do tratamento da esteatose hepática.
O controle de doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemia também é fundamental no tratamento da esteatose hepática.
Vale lembrar que é necessário evitar o consumo de álcool, pois a esteatose hepática é frequentemente associada ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Em alguns casos, quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes, o médico pode prescrever medicamentos para tratar a esteatose hepática, já que podem ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a inflamação e a gordura no fígado.
É fundamental realizar consultas médicas regulares para monitorar a progressão da doença e ajustar o plano de tratamento, se necessário.
Como prevenir a esteatose hepática?
Felizmente, existem medidas simples e eficazes que podemos adotar para prevenir essa condição e manter o fígado saudável.
Manter uma alimentação equilibrada, controlar o peso, adotar um estilo de vida ativo, moderar no consumo de álcool, fazer exames médicos com regularidade e evitar a automedicação são apenas algumas importantes formas de prevenir a doença.
Com esses hábitos, é possível promover uma vida mais saudável e evitar que problemas como a esteatose hepática prejudiquem o funcionamento adequado do fígado.
Conclusão
Em resumo, a esteatose hepática, ou gordura no fígado, é uma condição que resulta do acúmulo de gordura nas células hepáticas, causada principalmente por hábitos de vida pouco saudáveis.
O diagnóstico precoce e preciso é fundamental para iniciar o tratamento adequado, que envolve mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada, prática de exercícios e diversas outras rotinas.
A conscientização sobre os riscos da esteatose hepática e a adoção de medidas preventivas são essenciais para preservar a saúde do fígado e prevenir complicações hepáticas mais graves no futuro.
Com ações adequadas, é possível controlar e reverter a esteatose hepática, permitindo uma vida saudável e plena.
Doutor em Gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP), Endoscopia Digestiva (SOBED) e Gastroenterologia (FBG).
Professor do curso de Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA.
Médico da clínica Gastrosaúde de Marília.